Dois anos após celebrar a obra de Dominguinhos no álbum Todo Domingos (2010), Flávia Bittencourt volta com trabalho de contorno mais (pop)ular sem anular sua identidade nordestina em seus terceiro CD No Movimento. O movimento em direção a uma sonoridade mais contemporânea é perceptível no uso de programações eletrônicas em faixas como Franqueza - inédita de Luiz Melodia com Renato Pial, endereçada à artista - e Bambayuque, música de 1996 em que o autor Zeca Baleiro, amigo e conterrâneo de Flávia, rebate na já batida tecla das divergências amorosas com versos como "Enquanto você Roberto, eu Hermeto Paschoal / ... / Enquanto eu papai-mamãe, você sexo oral".
Em qualquer direção, a voz de Flávia Bittencourt é das mais afinadas e límpidas da geração recente de cantoras. Não é uma voz com veia dramática - e talvez por isso a regravação de Fanatismo (Fagner sobre poema de Florbela Espanca, 1981) soe inoportuna, em que pese o vigoroso arranjo em que sobressaem as guitarras de Pedro Silveira - mas seu fraseado é belo, envolvente e tem um frescor que valoriza temas como o coco Parangolé (César Teixeira), revitalizado por Flávia em dueto com Zeca Baleiro quatro anos após a cantora ter dado voz à mesma música em gravação lançada na coletânea Samba Novo (Som Livre, 2008).
No Movimento assinala também a guinada de Flávia Bittencourt como compositora. Se no primeiro álbum (Sentido, 2005), a debutante assinou apenas duas músicas, neste terceiro CD a cota autoral aumenta. Quatro das onze faixas são da lavra da compositora - inclusive a faixa-título No Movimento - sem prejuízo para o resultado final do disco.
O destaque do naipe autoral é o xote Lamento das Flores. Pontuada pela sanfona de Adriano Mogoo e pelos efeitos do percussionista Felipe Tauil, a toada pop Um Instante se impõe mais pelos versos do poeta maranhense Ferreira Gullar, musicados por Flávia após ter participado de ciclo de homenagens ao escritor por conta de seus 80 anos.
Assim como a canção Volta (de linha pop romântica que evoca o cancioneiro passional de Ana Carolina) é valorizada pelo criativo arranjo de cordas, orquestradas por Maico Lopes. Já Dente de Ouro (Josias Sobrinho) brilha com os tambores que fazem ressoar a origem maranhense da cantora enquanto Onde Você Levar (Alberto Trabulsi) tangencia com elegância o universo da canção popular romântica em dueto da artista com o autor do tema. E assim, se movimentando em rota (pop)ular sem perder de vista sua origem nordestina, caminha Flávia Bittencourt neste terceiro disco que tem tudo para ampliar seu público neste país de cantoras.
Faixas:
1 - No movimento
2 - Fanatismo
3 - Parangole
4 - Lamento das flores
5 - Um instante
6 - Volta
7 - Mar de rosas
8 - Dente de ouro
9 - Onde voce levar
10 - Bambayuque
11 - Franqueza
CD Flávia Bittencourt - No Movimento
Dois anos após celebrar a obra de Dominguinhos no álbum Todo Domingos (2010), Flávia Bittencourt volta com trabalho de contorno mais (pop)ular sem anular sua identidade nordestina em seus terceiro CD No Movimento. O movimento em direção a uma sonoridade mais contemporânea é perceptível no uso de programações eletrônicas em faixas como Franqueza - inédita de Luiz Melodia com Renato Pial, endereçada à artista - e Bambayuque, música de 1996 em que o autor Zeca Baleiro, amigo e conterrâneo de Flávia, rebate na já batida tecla das divergências amorosas com versos como "Enquanto você Roberto, eu Hermeto Paschoal / ... / Enquanto eu papai-mamãe, você sexo oral".
Em qualquer direção, a voz de Flávia Bittencourt é das mais afinadas e límpidas da geração recente de cantoras. Não é uma voz com veia dramática - e talvez por isso a regravação de Fanatismo (Fagner sobre poema de Florbela Espanca, 1981) soe inoportuna, em que pese o vigoroso arranjo em que sobressaem as guitarras de Pedro Silveira - mas seu fraseado é belo, envolvente e tem um frescor que valoriza temas como o coco Parangolé (César Teixeira), revitalizado por Flávia em dueto com Zeca Baleiro quatro anos após a cantora ter dado voz à mesma música em gravação lançada na coletânea Samba Novo (Som Livre, 2008).
No Movimento assinala também a guinada de Flávia Bittencourt como compositora. Se no primeiro álbum (Sentido, 2005), a debutante assinou apenas duas músicas, neste terceiro CD a cota autoral aumenta. Quatro das onze faixas são da lavra da compositora - inclusive a faixa-título No Movimento - sem prejuízo para o resultado final do disco.
O destaque do naipe autoral é o xote Lamento das Flores. Pontuada pela sanfona de Adriano Mogoo e pelos efeitos do percussionista Felipe Tauil, a toada pop Um Instante se impõe mais pelos versos do poeta maranhense Ferreira Gullar, musicados por Flávia após ter participado de ciclo de homenagens ao escritor por conta de seus 80 anos.
Assim como a canção Volta (de linha pop romântica que evoca o cancioneiro passional de Ana Carolina) é valorizada pelo criativo arranjo de cordas, orquestradas por Maico Lopes. Já Dente de Ouro (Josias Sobrinho) brilha com os tambores que fazem ressoar a origem maranhense da cantora enquanto Onde Você Levar (Alberto Trabulsi) tangencia com elegância o universo da canção popular romântica em dueto da artista com o autor do tema. E assim, se movimentando em rota (pop)ular sem perder de vista sua origem nordestina, caminha Flávia Bittencourt neste terceiro disco que tem tudo para ampliar seu público neste país de cantoras.
Faixas:
1 - No movimento
2 - Fanatismo
3 - Parangole
4 - Lamento das flores
5 - Um instante
6 - Volta
7 - Mar de rosas
8 - Dente de ouro
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